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Renato Incau: da limitação à liberdade!

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TRANSPLANTE DE CORAÇÃO

IDADE NO TRANSPLANTE: 15 anos

TEMPO NA FILA DE ESPERA: 8 meses

DATA DO TRANSPLANTE: 06/08/2007

“Digo que minha historia teve início no dia mais triste de minha vida, 19 de Janeiro de 2002, dia em que perdi meu pai, vitima de morte súbita durante um jogo de futebol com os amigos. Esse foi o ponto inicial para a descoberta do meu problema.

Bom, anterior a esse marcante fato, considero que tive uma infância como qualquer outra criança, que adorava brincar nas dependências do centro avareense e principalmente praticar esportes, como futebol e tênis, paixões desde cedo. A criança Renato não teve nenhum tipo de limitação e qualquer sintoma de doença, tanto que eventualmente pegava uma gripe. Considero que tive uma infância normal e muito bem aproveitada. No entanto, quando tinha 10 anos de idade, comecei a me sentir cansado nas atividades físicas diárias, uma falta de ar que me obrigava a parar o que estava fazendo. A junção dos fatos, sintomas de uma doença de coração mais a perda do pai recente acendeu um sinal de alerta na família. Então, durante uma consulta ao cardiologista, em uma ausculta cardíaca, foi detectado um leve sopro no coração, ou seja, um ruído entre um batimento e outro que poderia significar uma doença. Houve a necessidade de realizar uma bateria de exames complexos para constatar a cardiopatia. Assim foi a descoberta do meu problema.

Após a descoberta do meu problema, cujo choque foi enorme, passei a ter uma vida de restrições e os remédios começaram a fazer parte do meu dia-dia. Foram cinco longos anos de tratamentos, internações, exames rotineiros, – inclusive ressalto uma passagem no qual fui obrigado a implantar um marca-passo com desfibrilador para segurança pois existia a possibilidade de um mal súbito -, até que a doença chegou em um estagio de gravidade que a minha única alternativa de sobrevivência seria o transplante. Então, em Janeiro de 2007, fui inscrito na fila de transplante e com isso, me mudei para São Paulo pois a qualquer momento poderia ser chamado para a realização da cirurgia.

Nos primeiros 6 meses da espera consegui aguardar em casa pois o meu estado clinico ainda permitia isso e toda vez que o telefone tocava gerava uma enorme expectativa. Porém, meu quadro começou a piorar de forma agressiva, fui internado às pressas na UTI de onde não sai mais até a realização do transplante. A cada dia, a cada hora, a cada minuto que passava, a angustia aumentava e o órgão não aparecia. Até que, duas pessoas iluminadas, Vilhena (In memorian) e Sr. Benedito, vulgo Sagui (transplantado cardíaco a 23 anos e de saúde invejável e que tenho um carinho mais que especial) nos apresentaram o Dr. Fernando Bacal e sua equipe, especializada em transplantes no Instituto do Coração (Incor) renovando assim nossas esperanças.

Como costumo dizer, conheci Dr. Fernando aos 45 minutos do segundo tempo. No final de Julho/07 meu caso foi aceito por essa renomada equipe e então começou uma nova corrida contra o tempo. Cada hora de espera era desesperadora pois eu estava piorando diariamente e com isso, angústia, medo, preocupação. Na madrugada do dia 06 de Agosto de 2007, o momento mais aclamado por mim aconteceu, a porta da UTI se abriu e comecei a ser preparado para a cirurgia. Porém, no início desse preparo, não me contaram que havia aparecido um órgão compatível e que esse provavelmente seria para mim. Os enfermeiros queriam controlar a minha ansiedade, que nesse momento já era incontrolável e no fundo, já imaginava o que estava acontecendo. Por volta das 7 horas da manha recebi a noticia oficial do Dr. Fernando e Dr. Alfredo Fioreli (cirurgião chefe da equipe) que realmente eu iria para o transplante. Uma mistura de sentimentos tomou conta de mim e eu só conseguia agradecer a Deus e pedir que tudo ocorresse bem. O milagre havia acontecido porque de acordo com os próprios médicos, eu não teria dois dias de vida.

Bom, esse foi o processo de espera no qual enfrentei a fila mais angustiante e incerta que uma pessoa pode enfrentar. O pós-transplante foi complicado devido a dificuldade e complexidade da cirurgia e algumas outras ocorrências que aconteceram. Sinceramente, lembro de pouquíssimas coisas do meu primeiro mês no pós cirúrgico. Mas apesar disso, o principal já tinha acontecido e eu literalmente havia renascido. Tive que recomeçar a minha vida aos poucos, nas seções de fisioterapia reaprendi a andar e minha maior dificuldade era subir um lance de escada. No final do ano de 2007 voltei para Avaré renovado, reencontrei os amigos que sempre estiveram ao meu lado e minha vida foi voltando gradativamente a normalidade. A prática de esportes voltou a fazer parte da minha rotina de forma moderada, com musculação para recuperar o peso pois havia emagrecido muito e aquilo que mais queria voltar a praticar na época, o futebol.

Defino a importância do transplante em minha vida em uma única palavra: Renascimento, que por coincidência do destino o significado do meu nome é Renato: “O Renascido”. A minha vida mudou radicalmente, consigo ter uma vida absolutamente normal, trabalhando, estudando e praticando esportes da mais alta intensidade. Passei da limitação e da restrição para a liberdade de viver a vida da melhor forma. Atualmente pratico a corrida de rua (minha paixão), ciclismo, musculação, futebol com os amigos do sábado, tênis e recentemente iniciei uma nova modalidade, o crossfit. Hoje não consigo ficar um dia sequer sem praticar alguma atividade, porém há a necessidade de descanso. Então, 6 dias na semana certamente eu pratico algum esporte.

FRASE FAVORITA: “A minha mensagem que deixo para pessoas que estão passando por um tipo de dificuldade semelhante a que passei é : Não desistam pois o impossível não existe. Tudo é possível mesmo quando tudo conspira contra. E por ser religioso, acredito que fé em Deus é fundamental para o sucesso de tudo e com Ele, tudo podemos”

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