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A doação de um familiar dá luz a uma nova vida – Por Priscilla Pignolatti

Há cerca de 20 anos atrás morava em Belo Horizonte, cidade onde nasci, e me sentia ótima e por consequência achei que minha saúde estava perfeita. O que me incomodava eram as rotineiras crises de enxaqueca, mas eu aprendi a conviver com a dor e manter a minha rotina de trabalho, estudo e atividade física.

Mas as crises foram ficando cada vez mais recorrentes até que uma pessoa me recomendou procurar um médico. E procurei: um Neurologista. Após vários exames o médico me deu o 1º diagnóstico: é só enxaqueca, não se preocupe. Prescreveu-me um remédio para amenizar a dor e só. Segui a vida.

Alguns anos mais tarde, na sala de um médico do trabalho ele detectou uma variação irregular da minha pressão arterial e me encaminhou para um Cardiologista. E alguns dias mais tarde lá estava eu fazendo o tal exame M.A.P.A com aquele bendito aparelho de pressão arterial preso em mim por 24 horas e daí veio o 2º diagnóstico: você é HIPERTENSA. Minha pressão dava picos de 16×12 no decorrer do dia. O Cardiologista me prescreveu um remédio para controlar a pressão arterial e só. E eu novamente segui a vida.

Um dia parei no consultório de outra médica que não aceitou o simples fato de eu ser hipertensa com 20 anos de idade e sem nenhum histórico de hipertensos na família. Era preciso investigar mais. E ela me virou do avesso! E em um dos laboratórios numa manhã dessas aí fiz um ultrassom da região abdominal e lá veio o meu 3º e derradeiro diagnóstico: você é portadora da DOENÇA RENAL POLICÍSTICA, ou seja, tem vários cistos nos dois rins e pâncreas e a HIPERTENSÃO é apenas um estado temporário como consequência dessa doença. E então a coisa ficou mais séria e minha Cardiologista me encaminhou para um Nefrologista e daí começou a minha longa história nos consultórios dos Nefros controlando as taxas da minha Creatinina e fazendo intermináveis exames de urina e ultrassom.

Apesar da reação mais comum das pessoas ser o choro, o desespero, a descrença, pensamentos negativos e por aí vai, eu simplesmente aceitei, e mais uma vez segui a vida normalmente. Mesmo com toda a minha força e pensamento positivo, sempre fui muito realista e queria entender melhor a minha doença e rodei alguns médicos até achar um que me explicasse como deveria o que era a doença e como ela evoluiria. Descobri que não havia cura. Descobri que nenhum tratamento retardaria a evolução da doença. Descobri que o meu fim seria nas máquinas da hemodiálise ou na fila de espera por um órgão para ser transplantada. Não perdi a fé. E segui.

Continuamente por 20 anos segui fazendo os exames para acompanhamento e tomando os remédios apenas para controlar a pressão arterial e fui vendo os indicadores dos meus exames se alterando bem devagarinho. Sentia-me impotente, mas continuei seguindo sem sofrimento e sem negativismo.

Até que há 5 anos atrás eu e meu marido nos mudamos para São Paulo por questões profissionais e daí comecei a fazer o meu acompanhamento pelo hospital e médico que são referência no Brasil na questão do transplante renal. A decisão que tomei junto com meu médico era a de pular a hemodiálise e, fui orientada a conversar com minha família para saber sobre a doação do rim, pois o rim é um dos poucos órgãos que pode ser doado em vida. Uma pessoa pode viver normalmente com apenas 1 rim e minha família foi maravilhosa na decisão de doar.

Os testes de compatibilidade foram feitos e eu tinha boa compatibilidade com todos, porém com um dos irmãos foi de 100%. Agora era hora de aguardar o momento certo. Até que há um ano e meio atrás meus rins funcionavam com 10% da capacidade e eu sentia a total falta de energia ocasionada pela doença. Era chegada a hora.

Em Janeiro deste ano com a ajuda de uma Nutricionista especializada em doença renal iniciei uma reeducação alimentar para perder todo o peso extra e já habituar meu corpo a uma nova alimentação a ser seguida para o resto da vida – agora muito mais saudável. Exatos três meses depois, eu entrava no bloco cirúrgico com meu irmão. A cirurgia transcorreu muitíssimo bem e meu novo rim saiu da sala de cirurgia já funcionando.

Meu irmão recebeu alta 2 dias após a cirurgia e teve uma recuperação fantástica: 15 dias depois retornou ao trabalho, com 30 dias estava liberado para retomar as atividades físicas e com 3 meses estava correndo a Maratona do Rio de Janeiro. Eu recebi alta 5 dias após a cirurgia e com 3 meses fui liberada para a prática de atividade física. Comecei a caminhar, só que com toda aquela energia de volta caminhar estava muito fácil, então iniciei a corrida! Nunca imaginei que podia ter condicionamento físico para tal atividade.

Daí eu descobri que o transplante não era o fim daquela história, mas sim o começo de uma nova vida! E a vida deu novamente um sinal positivo quando eu estava com meu marido assistindo a TV e vi uma reportagem de uma garota transplantada de coração que havia se superado e participado dos jogos mundiais para transplantados. Achei aquilo fantástico e pensei: eu posso fazer isso também!!

Consegui contato com aquela garota tão determinada da TV (a querida Patrícia Fonseca) e falei pra ela: eu quero ir com você para os próximos Jogos Mundiais para Transplantados em 2019 na Inglaterra!!!!!!

E daí nasceu o projeto @PriAtletaTX, com todo o apoio e amor dos amigos e família e com toda a minha força de vontade estou dedicada a transformar a Priscilla Pignolatti – transplantada renal, em uma triatleta. E esse projeto não é algo temporário e sim um projeto saudável de vida que não tem mais volta!

E outra vez segui a vida, olhando pra frente porque é pra lá sempre que eu estou indo!

#transplantederim #umnovocomeço #doaçãodeórgãos #doaçãoemvida #pensamentopositivo #soudoador.org

3 comentários em “A doação de um familiar dá luz a uma nova vida – Por Priscilla Pignolatti”

  1. A história relatada pela minha irmã e eu como doador apenas reforça o quanto Deus nos ajuda a termos muita fé, determinação e foco.

    Depois de dar tudo certo no transplante parti para um grande desafio.

    Minha primeira maratona. Mais uma Meta de 2017 cumprida com louvor.

    Com 5.1 de idade, sem realizar treinamento adequado e passado apenas 3 meses e 4 dias após cirurgia de transplante, onde doei meu rim para minha irmã. A conquista desta medalha ao cruzar a linha de chegada, teve um sentido diferente.

    Mostra que a vontade e a fé humana podem quebrar qualquer barreira. Basta acreditar, ser determinado e ter foco. Com isto, todos podem alcançar o seu propósito na vida.

    Agradeço a Deus por me permitir cumprir o meu propósito que foi dar vida a minha irmã.

    Agradeço por me dar forças para chegar onde jamais imaginaria chegar.

    Dedico esta medalha a minha mãe Eunice Silva, meu irmão Alexandre.

    Principalmente a minha irma Priscilla Pignolatti, pois você correu comigo o tempo todo. Foram 42.195 metros de prazer, apesar de todas as dores que sentia, por causa do desgaste da corrida.

    Nós vencemos !

    Obrigado.

  2. Marília Sydney da Matta

    Parabens, Henrique Pinolatti !! Exemplo de Amor, Carinho, Perseverança !!! Parabéns Priscilla, por ter uma Linda e Amorosa Família !!! Que vcs tenham muitos anos de saúde e União. 😊

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