Em Agosto de 2016, recebi a notícia que eu tinha um doador alogênico e não aparentado compatível 10×10. Em 17 de Novembro do mesmo ano, recebi o transplante no Hospital Amaral Carvalho em Jaú/ SP. E o projeto tornou-se Instituto Sangue Bom (ISB) em 17 de Abril de 2017. Lembrando que foi um dia depois da Páscoa, coincidência… dia do aniversário do meu transplante e comemorando o renascimento. As duas bases do ISB são a solidariedade e a gratidão. Lutar para que mais semelhantes tenham a mesma graça que recebi.
Moro em Campo Grande/ MS e como sou muito conhecido, a notícia gerou milhares e milhares de mensagens, envolvimento intenso de pessoas nas mídias sociais. Amigos se mobilizaram, a imprensa divulgou, houve comoção e resultou em muitas doações de sangue no Hemosul. (Hemocentro Coordenador)
Fui internado no meio de um turbilhão de emoções indescritíveis e a principal delas não era querer entender o porque eu estava passando por tudo aquilo, mas sim, para quê? Mas em menos de uma semana de tratamento as coisas começaram a ficar claras.
Eu estava na cama do hospital, duas meninas da limpeza passaram pelo quarto, bateram na porta, pediram para entrar e tiraram do bolso um certificado de doação de sangue em meu nome. Nesse momento eu entendi a minha missão, o motivo pelo qual estava passando por tudo aquilo, pela experiência de estar doente.
Ver pessoas simples, que não tinham muito a doar, mas tinham algo mais valioso que qualquer bem material. Estavam doando vida. Vi a situação de inúmeras pessoas internadas passando por um momento igual ou pior que o meu. Entendi que eu tinha que abraçar a causa e contribuir com a sociedade fazendo campanhas e palestras sobre o tema.
Naquele momento nascia o PROJETO SANGUE BOM, ainda longe de ser o Instituto que agora nasce. Saí do hospital em setembro daquele ano e ainda em tratamento já comecei a fazer palestras em escolas, universidades, empresas privadas e órgãos públicos, numa média de cinco por semana, falando sobre mitos e verdades da doação de sangue e medula óssea.
Era o início de um ciclo de campanhas de doações de órgãos e medula óssea. Foram mais de 40 campanhas (entre Setembro de 2015 e Setembro de 2016) e realizando em média 5 palestras por semana, sempre com apoio logístico do Hemosul.
Nessa jornada muitos parceiros se uniram no mesmo ideal e vimos que deveríamos tomar uma proporção maior, que precisávamos ir além de um Projeto e ser o apoio e orientação à pessoas que como eu passam pela mesma situação, e também aos seus familiares.
Hoje temos profissionais das mais diversas áreas, dispondo um pouco do seu tempo, ou talento, para ajudar. São médicos, dentistas, advogados, administradores, jornalistas, publicitários, estudantes, professores, aposentados, donas de casa, funcionários públicos, políticos. São pessoas que conhecem o ideal do Instituto e o abraçam de forma espontânea. Temos casos inclusive de outras pessoas que passaram por isso, e alguns familiares que já estão buscando se engajar no Instituto. E tudo isso de forma voluntária, participando das ações, visitando pacientes em seus leitos, transmitindo amor e apoio às pessoas que estão lutando pela vida.
O Instituto é uma homenagem a todas essas pessoas que lutam pela vida, aos que doam vida e àqueles que infelizmente tombaram em sua luta, mas não deixaram de lutar. Eu sou um exemplo dessa luta. Não esperava conseguir um doador não aparentado compatível. Minha possibilidade era 1 em 100.000. Precisamos homenagear todos que lutam. Falar de solidariedade em um mundo cada vez mais individualista é um desafio. É esse desafio que nos move.
Precisamos mostrar para a sociedade que pequenos gestos podem representar vida para quem está buscando apenas mais uma oportunidade. Às vezes cinco minutos se cadastrando como doador de medula ou poucos minutos mais doando sangue vão significar a diferença na vida de pessoas e famílias.
E vamos além, queremos fazer ainda mais palestras e campanhas e estar envolvidos em ações sociais, culturais e esportivas. Queremos ainda ampliar as campanhas de doações de cordão umbilical e órgãos.
São projetos de conscientização para mobilizar a sociedade e promover o engajamento nas causas relacionadas à doação de vida. Essa seria a síntese. Mas acima de tudo é um trabalho de solidariedade, com visitas à hospitais, numa lista crescente.
As palestras do Instituto, que são gratuitas, continuarão também de forma crescente, levando informação a todo público, e com isso objetivando ser um canal de captação de doadores. Mais campanhas também serão desenvolvidas, na áreas de saúde, ambiente, cultura e esporte, sempre ligadas à solidariedade.
Nossa ambição é ter em breve um corpo técnico-científico para produzir materiais de referência e cursos de qualificação ou formação nessas áreas, sempre com foco na solidariedade. O Instituto Sangue Bom nasce cheio de ideias e pessoas do bem, e queremos compartilhar informações quebrando preconceitos e mitos sobre a doação.
E o mais novo milagre Patrícia Fonseca, é conhecer primeiro sua história pela televisão, seu trabalho no soudoador.org e, logo em seguida: falar com você, chamá-la de amiga e ser convidado a fazer parte de um grupo sensacional, com pessoas maravilhosas, exemplos de vida e superação. Fazer parte do “Team Brasil WTG/19” é inenarrável. Muito obrigado querida amiga, penso que podemos colaborar na esperança de tornar o mundo mais “humano”, vamos ousar e somar nossas histórias e lutas. Pois tenho certeza que “a solidariedade é a grande arma contra o individualismo, a indiferença e a intolerância”. Beijo no coração, minha amiga e ídola.
Carlos Alberto Rezende (Professor Carlão) – Presidente do Instituto Sangue Bom
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