Nasci em março de 1986, uma criança normal e aparentemente muito saudável. Com poucos meses de idade, comecei a apresentar uma icterícia (cor amarelada) muito forte, as fezes esbranquiçadas e urina muito escura. Depois de muitos exames e sofrimento, fui diagnosticada com Atresia de Vias Biliares, uma doença que causa a obstrução dos ductos extra-hepáticos ou ausência deles.
Os médicos confirmarama a necessidade de transplante de fígado. A única maneira para tentar salvar minha vida foi me encaminhar para um hospital no Estados Unidos, pois no Brasil ainda não realizavam transplante de fígado infantil.
Meus pais não tinham condições financeiras para custear o tratamento, a viagem e a moradia, tudo era muito caro. Todavia, não mediram esforços para salvar a minha vida.
Com ajuda de muitos amigos, familiares e até desconhecidos, conseguimos recurssos para eu e minha família irmos para Pittsburgh nos Estados Unidos.
Em junho 1987, eu, meus pais e minha irmã mais velha, que na época tinha 3 anos de idade e é portadora de necessidades especiais, (tem microcefalia) chegamos em um lugar totalmente desconhecido para nós. Porém, fomos muito bem acolhidos pela assistência social do Hospital que nos ajudou a encontrar um lugar para morar. Não tínhamos previsão de volta, tudo iria depender do tempo que levaria para eu fazer o transplante e também como seria minha recuperação.
Pittsburgh seria nossa nova cidade. Minha rotina de exames era intensa, meu quadro clínico ia se agravando a cada dia, mas meus
pais nunca perderam a fé de que o transplante iria acontecer.
No dia 12/08/1987, estávamos todos em casa quando o telefone tocou, era a assistente social do hospital avisando que meu novo fígado estava disponível, havia um doador para mim! Meus pais contam que foi um misto de emoção e medo, entretanto não poderiam desistir, precisavam me salvar. Minha mãe foi para o hospital comigo e meu pai ficou em casa com a minha irmã. Logo que chegamos, fui internada para os procedimentos pré-cirúrgicos. Então, veio a confirmação que o fígado do meu doador era totalmente compatível e no dia 13/08/1987, com 1 ano e meio de idade, eu renasci, graças a uma familia que autorizou a doação.
A cirurgia durou em torno de 15 horas e foi um sucesso, sem nenhuma intercorrência. Tive uma rápida recuperação. Ficamos morando em Pittsburgh por mais 4 meses após o transplante, pois eu necessitava fazer controles diários do novo fígado e quando tudo se estabilizou, voltamos para o Brasil.
Hoje, 32 anos depois, levo uma vida normal, viajo, trabalho, faço muitos esportes, etc. Preciso tomar remédios contínuos para evitar que o órgão seja rejeitado, mas esses não me impedem de ser feliz e aproveitar a nova chance que a minha doadora concedeu-me.
Minha doadora tinha 2 anos de idade e o
SIM salvou a minha vida. Serei eternamente grata à sua família e aos meus pais que nunca desistiram.
Seja doador, salve vidas! Permita que a vida
continue no próximo!
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