Que coisa interessante, fui convidado para escrever esse texto sendo que infelizmente, não posso ser doador…
Mas “SOU”, pois alguém me doou um órgão (medula).
Meu transplante de medula óssea ocorreu em 2014. Quatro anos depois, tive meu primeiro contato com o Sou Doador.
Tratava-se de um post de um texto escrito pela Priscilla Pignolatti (transplantada renal) sobre a nossa equipe de atletas transplantados que representaria o Brasil nas Olimpíadas dos transplantados em Salta – Argentina no final daquele ano.
Nesse texto ela discorria sobre nossas batalhas para continuarmos vivendo, e dos super-heróis em que nós mesmos nos tornamos.
Esse texto muito inspirou todos os integrantes da nossa equipe e acabou inclusive sendo a semente de um livro infantil que fala sobre “doação” (Adorável Dora, escrita em parceria com a Priscilla Pignolatti).
Como todo transplantado, o maior sentimento que aflora é o sentimento de gratidão, afinal, fomos agraciados com uma segunda chance.
Nesse convívio com outros transplantados, nessa experiencia rica de tentar sempre divulgar a causa, acabei entendendo que, os super-heróis de verdade são os inúmeros e às vezes, desconhecidos DOADORES.
Na pesquisa e preparação para o livro, ouvimos depoimentos de doadores que convergiam em um ponto: o sentimento de o doador ter se tornado uma pessoa melhor, após esse gesto grandioso.
Enquanto os super-heróis da nossa infância existiam para nos proteger, os super-heróis de verdade, dão VIDA.
Quanto às batalhas/guerras que enfrentamos ao longo da nossa vida, aprendi que o mais importante de uma guerra, é saber quem está lutando ao seu lado.
E é essa a razão de ser do “Sou Doador”.
Marcelo Boanova Gianesi é transplantado de medula há 7 anos, é escritor, empresário e atleta transplantado na modalidade natação.