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NOSSA PEQUENA GUERREIRA, MARIA JÚLIA – Por Rafael Henrique

Maria Júlia, ainda no ventre da mãe, foi diagnosticada com uma doença seríssima no coração chamada Tetralogia de Fallot. Segundo o pediatra, ela não poderia nascer em Barbacena, cidade na qual vivíamos na época, pois precisaria de uma equipe especialista e completa para operá-la assim que nascesse.

Nasceu em Barbacena e lá permaneceu durante 14 dias na UTI até conseguirmos uma vaga em São Paulo. Nasceu com uma boa oxigenação e não precisou operar o coração. Somente 6 meses depois, faria a operação cardíaca (foi uma cirurgia bem difícil)

Todavia descobrimos que o intestino dela estava totalmente entupido, pois nasceu com uma membrana que estava impedindo a passagem dos alimentos. Tudo que comia voltava pela sonda. Com apenas 19 dias de vida operou o intestino.

Dias depois, apresentou os olhos muito amarelos, a pele e as fezes muito claras. Foi diagnosticada com Atresia das Vias Biliares, doença que faz com a bile fique presa no fígado ao invés de ir para a vesícula, levando à cirrose.

Seria necessária uma cirurgia paliativa até o transplante. Com 47 dias de nascida, passou pela cirurgia no fígado. Neste período, teve 2 paradas cardiorrespiratórias, 2 convulsões cerebrais, hipoglicemia aguda, insuficiência renal e diversas outras complicações.

Com 2 anos e 3 meses, Maria Júlia fez o transplante do fígado. Eu, o pai dela, Rafael, fui o doador.

Logo depois, por ter muitas cicatrizes internas de cirurgias na barriguinha, o intestino perfurou. Partimos para a quinta cirurgia. Sempre confiantes que tudo daria certo.

O transplante foi um sucesso, e a recuperação das cirurgias também.

Maria hoje é uma criança super saudável e feliz. Extremamente comunicativa e faz atividades corriqueiras e inerentes a toda criança.

Quando partimos para o transplante, eu sabia que não estava doando apenas uma parte do meu fígado, mas estava dando uma vida nova para a minha filha. Faria tudo outra vez. Valeu a pena cada dor, cada corte.

Seja um doador. Vale super a pena. Doe vida.

Maria Júlia tem 4 aninhos, é transplantada de fígado há dois anos e é filha de Rafael e Gabriela (In Memorian)

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