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MAIS DO QUE DOAR, TAMBÉM EXISTE O DESAFIO DE ACEITAR! – Por Ricardo Guell

Quando meu pai entrou na hemodiálise, meus irmãos disseram que ele não aceitaria doação de rim de nenhum filho!

Um médico amigo da família veio falar comigo: “Ricardo, seu pai está bem, mas quem irá fazer a doação?”. Então, eu disse que ele não aceitaria a doação de nenhum filho. Mesmo assim, o médico frisou: “Os riscos de complicação da cirurgia para quem doa é quase zero. ”Fui embora e acordei com isso na cabeça. Prometi que a doação aconteceria e falei com meus irmãos que se eu não fosse compatível, eles também fariam os exames para verificar a compatibilidade. Minha mãe sabendo de tudo e com o coração na mão entre ver um filho ficar sem um dos rins e ajudar o homem da sua vida. Ela começou a me ajudar depois que mostrei que não haveria nenhum problema comigo ou com meus irmãos caso um de nós fôssemos doadores. Fiz os exames e, depois da visita de 3 horas com o médico, ele me disse que eu não deveria doar um rim, pois acreditava ser genético o problema renal do meu pai e que, no futuro, eu poderia ser o próximo. Eu, indelicado talvez, disse que por um dia ou por um ano que aqui estivermos valerá a pena ver meu pai não sofrer na hemodiálise. Ele, então, disse-me:” Terás que trazer mais um exame e seu pai para confirmar”. Fiquei incumbido de levá-lo à consulta, fui avisá-lo e disse: “Pai, farei alguns exames para constatar a compatibilidade” e, como previsto, ele falou de forma curta e grossa: “Não aceito e acabou! “. Respirei e disse: “Pai, o que o senhor faria para ter seu pai mais um dia ao seu lado, mais um ano já que o senhor estava longe quando ele morreu?”. Acabei tocando no coração dele, e ambos soltaram lágrimas. Também disse que comigo nada iria acontecer e decidimos que faríamos pelo menos os exames e, casso houvesse compatibilidade, faríamos os passos seguintes. Aqui deixo aos meus filhos um legado que sei que eles entendem bem: somos todos por um e um por todos. Mas o mais importante é O QUE PODEMOS FAZER PELO PRÓXIMO!

Por vocês, por nós que, no dia 29 de julho de 2016, fizemos o transplante. “Gratidão, Mundão, é só ALEGRIA!”, como dizem em minha família.

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