Estamos fazendo planos para ter um filho. Planejando viajar. Planejando uma casa maior. O jantar de amanhã e as compras da próxima semana. Parece simples pra você? Pra gente sempre é uma pequena comemoração.
São 16 anos que alguém doou ao Pablo o direito de comemorar esses momentos, de se ver realizando pequenos e grandes sonhos. Quando conheci o Pablo, minha vida passou por um turbilhão de acontecimentos. Hoje eu sei que sempre será assim.
Ele, que viveu limitado por tantos anos, hoje quer abraçar o mundo. Não consegue fazer uma coisa depois da outra, precisa ser tudo junto, em busca de recuperar o tempo “perdido”. E, às vezes, me pego pensando sobre o quanto eu devo à família que me deu a chance de conhecer tamanha felicidade. As equipes que cuidaram do doador, as equipes que cuidaram do meu esposo e todos aqueles que foram responsáveis pela minha chance de ser tão feliz.
Veja bem, a vida dele mudou sim, mas não foi só a dele que ganhou com esse presente. Eu tive a chance de conhecer um homem incrível, o futuro pai dos meus filhos, meu melhor amigo. E é sobre isso que se trata a chance de viver no outro, de doar, de retribuir. Você salva uma vida, mas afeta a vida de todos ao redor. Minha sogra pôde ver seu filho se formar, meu cunhado pôde ir com o irmão em festas, meu sogro pôde fazer vários churrascos em família nos domingos. Quando você doa, salva inúmeras vidas de formas diferentes.
Olhem para o doente, mas olhem também para quem está do lado da cama do hospital, para quem tem o rosto deformado pelas lágrimas, a vida estagnada enquanto aguarda o telefonema que pode mudar tudo. Olhem para a mãe que não tem a oportunidade de comemorar o primeiro emprego do filho, ao filho que não consegue apresentar o primeiro neto para os avós, aos irmãos que são separados pela doença, aos grandes amores que nunca acontecerão. O seu “sim” é o responsável pela alegria de muitos.
Como uma pessoa de muita luz já disse:
“Deus nos dá dois presentes ao nascer:
Um deles é a vida. Esse ele nos dá para gente mostrar nossa CORAGEM. Porque viver pede muita coragem! Pede ousadia, pede que a gente se entregue de corpo e alma!
O segundo é o dom de dar a vida. Esse ele nos dá para gente demonstrar a nossa GRATIDÃO. Porque sabendo valorizar o primeiro presente, queremos que outros também possam viver e sentir essa alegria.
A vida começa com coragem e termina com gratidão”
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