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UM NOVO FÍGADO E UM NOVO CORAÇÃO – Especial Dia dos Namorados – Por Victor Corrêa

Durante a espera pelo novo fígado da Paula, eu fiz uma promessa para mim: vou valorizar tanto a(nova) vida dela que nunca mais vamos brigar! Tinha essa certeza em meu coração em todos os dias em que ela esteve internada e até mesmo no comecinho da vida nova, em casa.

A “má” notícia é que tenho descumprido essa promessa, mais do que gostaria. A boa notícia é que esse é o melhor sinal de que ela está bem e nossa vida voltou ao normal, como a de qualquer casal!

O que o transplantado e sua família mais querem é isso: a normalidade dos dias, de uma vida comum, com problemas triviais, inclusive no relacionamento. Pois quando a preocupação deixa de ser sobre o lugar na fila e o horário do próximo boletim médico, as coisas voltam ao normal e nos permitimos viver a nova vida, com novos olhares, e também com velhos problemas.

Olhando para trás posso ver que promessas semelhantes já tinham sido feitas em outros momentos: no início do namoro, no noivado e, claro, no nosso casamento. Em minha defesa: não quebrei nenhuma promessa que já não havia quebrado antes… Rs!

Dia a dia renovamos essas promessas, e também as descumprimos, faz parte da vida. A graça dela também mora nessa trivialidade, de podermos esquecer o sofrimento e as marcas de um transplante (repentino) e nos permitirmos viver como se não tivéssemos passado por tudo isso.

Confesso que me entristeço quando brigamos e me lembro da antiga promessa, mas admito também que agora é bem mais fácil pedir perdão. É impossível ficar indiferente a tudo que aconteceu, o transplante ressignificou tudo em nossa vida!

Sem dúvidas, “no final” desse processo, a Paula ganhou um fígado novo e eu, um novo coração – no sentido figurado –, que pulsa e enxerga a vida de outra forma a partir de sua vida!

A grande e melhor notícia é essa: tudo volta ao normal, a vida e o relacionamento com uma pessoa transplantada são absolutamente normais. E “de presente”, ganhamos novas chances, novas perspectivas e… um novo coração!

Que nós, parceiros (ou parceiras) de vida e caminhada de transplantados, possamos sempre nos lembrar desse coração que ganhamos e usá-lo para aproveitar ainda mais a vida!

Victor Corrêa é professor de Administração Pública, casado com a Paula, transplantada de fígado, e pai dos gêmeos Arthur e Pedro

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