Era o mês de março de 2020, e eu fui diagnosticada com um tipo de câncer raro e agressivo no fígado, de prognóstico ruim, chamado colangiocarcinona.
Neste momento, eu, Larissa, 36 anos, casada, mãe de um casal de gêmeos de 2 anos, estava em um tratamento que não iria me curar, buscando apenas me dar conforto e aumentar um pouco meu tempo de vida.
Eram múltiplos tumores espalhados por todo o fígado e, portanto, sem condições de operar e sem indicação de transplante, pois a possibilidade do câncer voltar nessa doença era quase certa.
Mas as coisas não poderiam ficar assim, e eu decidi que comigo seria diferente. E foi.
Dediquei-me intensamente a minha meta: viver. Saí da minha cidade (Joinville, SC) e fui pra São Paulo procurar alternativas para tratar esse câncer complicado. Achei. Tive respostas que surpreenderam médicos experientes.
Cheguei em um nível de controle dessa doença complicada que fez com que um dia um médico me questionasse se eu estava disposta a um tratamento mais agressivo, visando a até então tão improvável cura, seria um transplante de fígado. Eu estava disposta a tudo para ver meus filhos crescerem.
No entanto, havia uma questão: não é permitido para as pessoas com diagnóstico de colangiocarcinona entrarem na fila para receber órgão de doador falecido, existem alguns critérios e esse câncer está de fora. E agora? O fígado é um órgão que se regenera, e uma pessoa saudável pode doar parte dele em vida para alguém que precise em casos específicos, com segurança, havendo compatibilidade.
Em setembro de 2021, um médico cirurgião com técnica, coragem e com um olhar humano viabilizou um transplante difícil, cheio de peculiaridades. E o doador? Meu marido, Fernando, na mesma semana que completamos 13 anos de casados doou 70% do seu fígado para mim e assim salvou nossa família.
Os gêmeos estão prestes a completar 5 anos e a mamãe está saudável para continuar educando e sendo o suporte necessário durante muitos e muitos anos. A doação de órgãos pode salvar não só uma vida, mas uma família inteira.